Hoje em dia muito se fala sobre ESTRESSE em adultos e das diversas consequências que esta doença pode causar. Porém é preciso diferenciar quando se trata de estresse em adultos de quando estamos lidando com CRIANÇAS e ADOLESCENTES.
Como coloquei em coluna anterior, a criança basicamente reage aos estímulos e reações dos adultos que ela possui referência. Pois bem, na reação de estresse infantil não é diferente. É comum esta reação surgir em função de uma resposta ao que o adulto impõe sobre a criança.
Bem, vou explicar melhor.
Começaremos então pelo mais comum. A criança (aproximadamente 2 anos) já deve estar acostumada com o ambiente escolar. A mãe percebe que seu filho não recebe lição de casa. Resolve ir questionar a professora e diretora que acaba atendendo a solicitação da mãe. Sim... A grande maioria das mães QUER que seus filhos de 2 anos de idade tenham a responsabilidade de ter uma tarefa para fazer em casa!
E esta criança fica mais velha e ainda com seus 4 a 5 anos já é forçada a escrever o máximo de coisas que conseguir, pois algumas outras crianças já estão escrevendo o nome da família inteira. E o filho "não pode ficar para trás". Sendo assim, aquela criança que está ainda desenvolvendo seu tônus muscular, ainda mal consegue segurar o lápis, é obrigada a exercitar sua motricidade fina porque a mãe quer que o seu filho aos 4 anos já saiba escrever seu nome.
Perceba a responsabilidade já colocada sobre esta criança. Analise BEM. Esta criança crescerá tendo que fazer natação, inglês, artes marciais, ginástica, etc, etc, etc... (A lista é imensa). E tendo que ter resultados excelentes em tudo.
Concordo que tudo isto é ótimo. Concordo que estimular a criança é uma ótima forma de transformá-la em um adulto inteligente e cognitivamente bem perante a sociedade. Mas agir assim com seus filhos, assim como no adulto, pode acontecer reações adversas, entre elas o tão famoso estresse.
O estresse na criança é mais difícil de ser percebido, pois praticamente todas as reações são consideradas "normais", "coisa de criança mesmo". É preciso que os pais desenvolvam um lado crítico maior, pois as crianças (na maioria das vezes) são apenas reações daquilo que impomos a elas. Percebam como elas reagem e, mais importante ainda, saibam que seus filhos possuem um período de amadurecimento próprio!
O desenvolvimento não acaba após as 40 semanas de gestação. Ela continua... E é preciso respeitar este tempo.
É lógico que tudo existe um limite. E ninguém disse que cuidar daquele bebe lindo seria fácil. E também ninguém disse que ele viria com um manual (Uma pena, não é mesmo?).
Estar atento aos sinais e as mudanças de comportamento de seu filho e sempre buscar ajuda especialidade (médicos, pedagogos, psicólogos, etc) é uma ótima forma de saber o que é "normal", onde fica o equilíbrio desta tão sensível balança.
Apesar de ser difícil controlar esta sensação de querer ver seu filho a frente de tudo e de todos, é preciso que ele se desenvolva por completo antes de dar o próximo passo.
Como o assunto é delicado e extenso, trataremos de informações mais específicas sobre este assunto em uma próxima coluna. Até lá!
Geison Stein Meirelles Ramos
SEJA BEM-VINDO!!!!
Olá a todos, aqui além do conteúdo de Psicologia de um modo geral, também colocarei informações sobre novas tecnologias em nossa área, pois acredito plenamente que seja útil para todos nós.
Espero que gostem. APROVEITEM!
sábado, 17 de dezembro de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Segredo revelado! GOOGLE ALERTA.
Muitas pessoas me perguntam como recebo tantas notícias por e-mail. Como fico sabendo de novidades e informações novas assim que são divulgadas na web, blogs, etc, etc...
O que mais ouço é que sou um desocupado e que passo 24 horas na internet. Hahaha.
Mas, infelizmente, para mim, não é verdade (adoraria poder ficar conectado 24h).
O fato é que a maioria de nós não temos muito tempo para acessar conteúdos que sejam de nosso interesse.
Maaaaaasssss para alegria geral, existe uma forma rápida e prática para se ter informações da internet pela Google. O (não tão famoso) Google Alerta!
http://www.google.com/alerts?hl=pt-BR
Algumas dicas ao usar o Google Alerta!
Evite palavras muito genéricas como: Psicologia, Informática, Novidades.
Evite criar MUITOS alertas. Se você receber 1 alerta por dia de diversos alertas, sua caixa de e-mails ficará cheia e, consequentemente, não lerá o conteúdo de todos com atenção.
Sendo assim, faça alguns testes antes de finalizar. Uso alguns como: "Congresso Psicologia"; "Palestra gratuita Psicologia"; Entre outros que podem ser mais específicos ou não. Depende da sua necessidade.
Assim que cadastrar os temas fica fácil alterar ou gerenciar seus alertas. Todos os e-mails apresentam o link para gerenciar em seu final. Assim, se não estiver satisfeito vá e mude o que preferir.
Fique sabendo de notícias, informações, eventos antes de todos com esta ferramenta INCRÍVEL do Google.
Hoje fico sabendo de tudo antes. Quantas vezes você viu um evento interessante e, quando foi olhar a data, já havia passado!!! Rs. Evite isto com esta ferramenta.
Espero que usem e gostem.
Forte abraço a todos.
O que mais ouço é que sou um desocupado e que passo 24 horas na internet. Hahaha.
Mas, infelizmente, para mim, não é verdade (adoraria poder ficar conectado 24h).
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Trabalho
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Sobre DEPRESSÃO
Gostaria de abrir aqui um espaço de reflexão sobre a depressão. Dados estatísticos demonstram que a depressão atinge mais de 20% da população e precisa ser diagnosticada por um profissional. Seus sintomas geralmente são perda de prazer na vida, tristeza profunda, pessimismo, sono e apetite comprometidos. Tudo fica sem esperança e um enorme vazio recai sobre a vida.
Entretanto, não é necessário sentir todos esses sintomas para pensarmos em depressão. Às vezes, um ou outro aparecendo já pode indicar traços depressivos importantes de serem cuidados. Em alguns casos os sintomas poderão aparecer quando da perda do emprego, da separação de um casal, do falecimento de uma pessoa querida ou mesmo da descoberta de uma doença. Em outros, não existe uma causa aparente, mas só uma impossibilidade de viver e ser feliz.
Os remédios, em casos mais profundos, muito podem ajudar. Mas também é importante trabalhar o que desencadeou a depressão. Se imaginássemos uma casa que está suja e que recebeu uma boa faxina teremos uma sensação de maior conforto e bem estar. É o que os remédios e uma análise trabalhando juntos poderão fazer para que essas pessoas sintam e vejam novamente horizontes à frente.
Leitores, não esqueçam que a dor psíquica é tão importante quanto a dor física. E devemos nos lembrar que no início tudo fica mais fácil de cuidar.
Geicine Stein Meirelles é psicóloga e psicanalista.
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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE CARREIRA
Ao falarmos de carreira, sugere-se um caminho a se seguir, geralmente ligado ao mundo do trabalho. Para as empresas, a carreira, ou os planos de carreira, serão utilizados com o intuito de que haja uma troca entre o empregado e a instituição. Ela oferecerá um lugar no qual o indivíduo poderá adquirir novos conhecimentos e progredir numa escala ascendente na hierarquia e esperará empenho e fidelidade.
A palavra carreira origina-se do latim medieval via carraria, que significava estrada rústica. Mas o conceito de carreira moderno é recente e tem sua origem no século XIX, sendo comumente interpretada como oficio, uma profissão que apresenta etapas (BALASSIANO; VENTURA & FILHO, 2004).
O contexto citado acima, ainda é preponderante, tanto em relação à idéia de carreira tida pelos indivíduos quanto pelas empresas, principalmente aquelas de grande porte nas quais persiste o modelo do tipo tradicional. Nesse cenário, a responsabilidade da empresa pela carreira do empregado é determinante (BALASSIANO; VENTURA & FILHO, 2004).
Mas o modelo de carreira tradicional, que pressupunha certa estabilidade no emprego e progressão linear vertical (Balassiano; Ventura & Filho, 2004), tem dado lugar a novos discursos sobre carreira, quem são marcados, na perspectiva psicológica da relação homem trabalho, por uma ruptura dos laços afetivos que trazem como conseqüência dificuldades para o sujeito se organizar no tempo-espaço e gerir outras esferas da sua vida, como família e amigos (Sennett, 2002). E na perspectiva das novas formas de organização do trabalho, vemos “(...) a fragilização, a precarização, a desmontagem e a conseqüente necessidade de transformação dos modelos de carreira ‘tradicionais’, calcados em torno da noção de emprego herdada da sociedade industrial” (BENDASSOLLI, 2009, p.387).
A discussão a respeito da relação dos sujeitos com o trabalho e conseqüentemente as carreiras, enquanto espaço de construção de identidades sociais é abordada por Dubar (2005), que dá destaque ao trabalho na seguinte passagem “(...) essa construção identitária adquire uma importância particular no campo do trabalho, do emprego e da formação, que conquistou uma grande legitimidade para o reconhecimento da identidade social e para a atribuição do status sociais” (p.156).
Para Bauman (2004) as novas formas de organização social, regidas pelo modelo econômico capitalista que pressupõe uma hiperflexibilização nas relações, competitividade, individualismo e a dificuldade para se estabelecer vínculos duradouros, os quais pressupõem nessa perspectiva, segundo o autor, uma relação aonde é necessário que haja algum tipo de benefício, explica o que ele expõe como fragilidade dos laços humanos e que segundo meu entendimento é similar ao tipo de vínculo das novas carreiras.
Atualmente o que mais define os novos modelos de carreira é a metáfora tirada da mitologia grega, a respeito do deus Proteu, que mudava de face, como resposta adaptativa e estratégica, às mudanças no ambiente (Bendassolli, 2009). Esse autor apresenta alguns modelos de carreira (sem fronteiras, protiana, craft carrer entre outras), que em sua maioria estão ligadas à idéia de flexibilização, adaptabilidade e não linearidade das experiências de trabalho, além da mudança de foco da empresa para o indivíduo, em relação à responsabilidade pelo desenvolvimento.
Com a fragilidade dos vínculos, oriundos das novas carreiras, em contraposição ao modelo estável e duradouro, os sujeitos tem se tornado seus próprios agentes de desenvolvimento. Entra em jogo o sucesso psicológico e a realização pessoal, com a busca constante por conhecimento e especialização, tornando o sujeito uma colcha de retalhos, sem um caminho determinado (BALASSIANO; VENTURA & FILHO, 2004).
Vimos alguns exemplos de carreira e pudemos perceber o momento de transição pelo qual passa o conceito e que apresenta mudanças importantes nas formas de vínculos dos indivíduos com as empresas e demais instituições, e algumas conseqüências desses.
A seguir serão feitos alguns comentários a respeito da entrevista realizada, com base na discussão proposta acima.
CONSIDERAÇÕES DE UMA ENTREVISTA REALIZADA SOBRE O TEMA CARREIRA
O sujeito entrevistado iniciou sua trajetória profissional no momento em que se consolidavam importantes crises no modelo capitalista que culminou com mudanças no mundo do trabalho, principalmente com as reengenharias, que trouxeram pioras nos vínculos de trabalho e aumento do desemprego numa esfera global.
Mesmo nesse cenário, o sujeito construiu sua trajetória profissional, gozando de certa estabilidade nos empregos pelos quais passou o que denota uma estruturação mais tradicional das empresas nas quais esteve. Esse tipo de vínculo, segundo (Bendassolli, 2009, p. 390), pode resultar num (...) processo de construção pelo qual o indivíduo significa, interpreta e dá coerência às suas experiências e histórias singulares de vida em relação ao trabalho (e a vida como um todo).
Essas idéias são consoantes com as idéias de Bauman (2004) e Dubar (2005), pois esses autores acreditam, conforme exposto acima, que experiências mais estáveis e duradouras (pressupondo vínculos psicologicamente saudáveis) propiciarão ao sujeito, uma visão mais integrada de si próprio e a constituição do mesmo tipo de vínculos em outras esferas de suas vidas.
Em alguns momentos do discurso pudemos perceber características da carreira portfólio, apresentada por (Bendassolli, 2009) e que pressupõe a busca da diversificação das atividades profissionais, com um trabalho fragmentado e em tempo parcial. Esse movimento pode ser oriundo da falta de confiança do individuo a respeito da estabilidade dos locais nos quais ele está inserido e pode ser percebido na seguinte fala da entrevista: “você tem que criar possibilidades. Eu não sou funcionário, eu estou funcionário... amanhã ou depois o cara pode chegar e te mandar embora, e aí?... você não criou possibilidades. Não cria possibilidades não tem o que fazer (sic)”.
Parece estar explicito no discurso do sujeito, a busca por uma carreira de concepção clássica, pois denota ser mais segura e confiável. Para isso, ele busca na perspectiva de (Bendassolli, 2009) ser o agente do próprio desenvolvimento, investindo em formação para buscar ascensão e estabilidade, talvez impedindo-o de refletir sobre seus papel nesse processo de desenvolvimento, pois segundo observa o autor: “talvez o principal seja a ênfase, as vezes em demasia, colocada sobre a ‘agência individual’, como se o indivíduo fosse o único responsável pelo sucesso ou pelo fracasso de sua carreira (p.397)”.
COMENTÁRIOS FINAIS
E para os sujeitos, será que as mudanças são tratadas com simplicidade, conforme a inversão radical feita com os conceitos que são bases para a inserção no mundo simbólico e social propriamente dito? Ou será que há conseqüências pouco observadas e que podem trazer dificuldades para a construção das identidades, da inserção dos indivíduos na sociedade e a construção de vínculos sociais mais abrangentes?
Podemos observar que a fragmentação imposta por esses novos modelos de carreira, dificulta a identificação dos sujeitos com padrões estáveis e coerentes, refletindo na dificuldade de construção das narrativas de suas histórias de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALASSIANO, Moisés; VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira; FONTES FILHO, Joaquim Rubens. Carreiras e cidades: existiria um melhor lugar para se fazer carreira?. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 8, n. 3, set. 2004 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552004000300006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 06 dez. 2010. doi: 10.1590/S1415-65552004000300006.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BENDASSOLLI, Pedro F.. Recomposição da relação sujeito-trabalho nos modelos emergentes de carreira. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 49, n. 4, dez. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902009000400003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 06 dez. 2010. doi: 10.1590/S0034-75902009000400003.
DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
SENNETT, Richard. A corrosão do caráter. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Autor: Marcelo Soares Januário.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A ARTE DE EDUCAR
É cada vez maior o número de pessoas que me procuram, questionando sobre como lidar com seus filhos para serem adultos felizes e “equilibrados”.
É claro que não existe uma regra básica, mas devemos utilizar o “bom senso” e observar.
Quantos de nós já ouvimos certos pais falarem: - eu faço de tudo para meu filho, porque ele tem problemas? Pois bem, fazer tudo não é suficiente, é preciso educar. Educar é perceber o que seu filho necessita materialmente e emocionalmente, ainda que seja preciso dizer um não, quando necessário.
Diversas crianças apresentam dificuldades na escola e quando analisamos melhor, percebemos uma grande ausência dos pais. Às vezes eles estão bem perto, mas emocionalmente... Longe demais.
Percebo crianças com dificuldades na escola e os pais praticamente ameaçando os professores. Sim, os professores são muito importantes, mas pai e mãe, vocês são fundamentais! Por exemplo: os pais constroem a casa e o professor faz a decoração. Vejam que é um trabalho em conjunto, tanto dos pais como da escola.
Os pais poderiam transmitir aos seus filhos que o ato de estudar não é uma obrigação, não é só para ganhar dinheiro, mas principalmente para sua realização no futuro e que a criança viverá melhor e mais feliz. Hoje se valoriza muito o TER. Precisamos valorizar o SER.
Educar significa uma retomada ao seu próprio ser, pois quando transmitimos é que verificamos o que realmente aprendemos. Muitas vezes não percebemos que certos comportamentos e conflitos de nossos filhos são repetições de nossos próprios atos mal resolvidos do nosso passado.
A família continua sendo a base principal da educação e da segurança para as crianças, desde que haja diálogos entre eles. A família fica sendo o porto seguro delas e é preciso saber que cada família possui sua própria dinâmica.
Portanto, Educar significa transmitir cultura, normas e valores que cada família possui para que a criança adquira uma determinada visão do mundo que a cerca e desta forma, ela se adapte com “equilíbrio” as situações do seu cotidiano.
Até breve...
Geicine Stein Meirelles
Psicóloga e Psicanalista
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
TRABALHO, CONFLITO E ESTRESSE.
O conflito é intrínseco à relação do homem com o ambiente no qual está inserido. Dessa forma, não seria diferente quando falamos da relação do homem com seu trabalho, pois, além de lhe proporcionar inserção social e desenvolvimento ele pode ser uma fonte de sofrimento quando num contexto de atividades que não lhe tragam sentido e a canalização de suas energias.
Atualmente, com as crescentes exigências no mundo do trabalho, onde podemos perceber a super valorização do trabalhador hiper-qualificado e polivalente, há uma maximização do conflito entre homem e trabalho (ou organização do trabalho). Nesse contexto, é facilitada a exposição das pessoas aos agentes estressores.
Quando falamos em estresse, é importante observarmos, conforme apontam Filgueiras e Hippert (2003), que o termo estresse é comumente utilizado no senso comum, favorecendo uma confusão em relação ao seu verdadeiro significado.
Por outro lado, não é correto afirmar que o estresse seja significado de doença, pois conforme observa Limongi-França (2008, p.19), “o estresse situa-se na dimensão interativa homem-meio-adaptação, ocasionando crescimentos e desgastes; além de intrínseco à condição de viver. Segundo Limongi-França e Rodrigues (1997), o estresse é uma reação do organismo numa tentativa de se preparar da melhor forma para uma situação, seja ela interpretada como positiva ou negativa, ou seja, o estresse em si não pode ser classificado como bom ou ruim.
O objetivo da reação de estresse, do ponto de vista orgânico, será sempre a busca da homeostase (equilíbrio) do organismo e sua atuação será diretamente no sistema nervoso central, que por sua vez enviará mensagens ao sistema endocrinológico (relacionado às glândulas), sistema imunológico (através da estimulação do hipotálamo) e sistema límbico. Esses sistemas estão relacionados com o funcionamento dos órgãos e a regulação das emoções (LINMONGI-FRANÇA & RODRIGUES, 1997).
Conforme Limongi-França e Rodrigues (1997), o termo estresse foi originalmente utilizado na física e pressupõe o grau de deformidade que uma estrutura sofrerá, ao ser submetida a um esforço. Segundo os autores, há duas classificações diferentes para o estresse desencadeado frente a determinados estímulos estressores, são elas o distress (estresse ruim), que se caracteriza pelas respostas inadequadas, podendo levar o organismo ao adoecimento e o eustress (estresse bom), que é observado nas situações em que se reage bem à situação de estresse.
Um dos pioneiros nas pesquisas sobre estresse e suas conseqüências para a saúde foi Selye. Ele classificou como síndrome geral de adaptação (SGA) o conjunto de reações não específicas que ocorrem diante de situações de estresse, dividindo a SGA em três fases: reação de alarme, fase de resistência e fase de exaustão (LINMONGI-FRANÇA & RODRIGUES, 1997).
A fase de alarme se caracterizará por preparar o organismo para uma reação de luta ou fuga, se destacando pela liberação aumentada de adrenalina e corticóides na corrente sanguínea. Na fase de resistência, haverá uma tentativa para se manter a resposta, o que pode ocasionar desgaste do organismo devido à sobrecarga dos sistemas orgânicos. Permanecendo os agentes estressores, o organismo poderá entrar na fase de exaustão, o que pode levá-lo à morte (FILGUEIRAS & HIPPERT, 2003).
Retomando a idéia do estresse enquanto condição intrínseca à vida, podemos observar que os malefícios do estresse estão ligados à freqüência com a qual seremos expostos aos agentes estressores e de que forma lidaremos com eles o que pode levar a sintomas físicos e psíquicos, esgotamento por sobrecarga fisiológica e até a morte.
Como sabemos, a atual organização do trabalho é uma fonte importante de agentes estressores e os mesmos estão inseridos num contexto em que a relação trabalhador x empresa, muitas vezes extrapola a racionalidade, tornando-se um campo fértil para a criação de vínculos simbióticos (indiferenciados), conforme observado por Schirato (2004); um importante agente transformador dessa relação e ao mesmo tempo moderador e auxiliar na busca do reequilíbrio físico e psíquico, são, de acordo com Limongi-França e Rodrigues (1997), as estratégias de enfrentamento.
Limongi-França e Rodrigues (1997, p.36) definem enfrentamento como ”o conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades”. Levando em consideração o papel das empresas no desenvolvimento de estratégias de diminuição dos agentes estressores, bem como no auxilio ao desenvolvimento das estratégias de enfrentamento do estresse, é importante ressaltar que a avaliação se faz importante, pois cada indivíduo reage de uma maneira singular a uma situação de estresse, tendo em vista os componentes da personalidade, constituição orgânica, julgamento, expectativas, contexto social, ambiente etc.
Os conflitos na relação homem trabalho são comuns e no âmbito do estresse, eles serão o gatilho para que os organismos reajam utilizando sua fisiologia. E como já vimos, o conjunto de algumas reações são denominadas pelos teóricos de estresse. Ficam as perguntas: qual a fronteira entre o estresse bom e o estresse ruim? Quem é responsável pelas conseqüências negativas do estresse, as organizações ou os indivíduos que não “reagem adequadamente” frente às exigências atuais? Eu acredito que estamos sendo exigidos sobremaneira, há tempos optamos pelo TER em detrimento do SER, lidamos com inconstâncias e instabilidades que dificultam a construção da narrativa das histórias dos sujeitos e sua conseqüente noção de continuidade (começo-meio-fim). E você, o que pensa?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Filgueiras, J. C. & Hippert, M. I. Estresse: possibilidades e limites. In: Codo, W. (org). Saúde Mental e Trabalho: leituras. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.
Limongi-França, A. C. Psicologia do Trabalho: psicossomática, valores e práticas organizacionais. São Paulo: Saraiva, 2008.
Limongi-França, A. C & Rodrigues, A. L. Stress e Trabalho: guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Editora Atlas, 1997.
Schirato, M. A. R. O feitiço das organizações: sistemas imaginários. São Paulo: Editora Atlas, 2004.
Autor: Marcelo Soares Januário
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sábado, 8 de janeiro de 2011
Infarto está associado à depressão
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