SEJA BEM-VINDO!!!!

Olá a todos, aqui além do conteúdo de Psicologia de um modo geral, também colocarei informações sobre novas tecnologias em nossa área, pois acredito plenamente que seja útil para todos nós.
Espero que gostem. APROVEITEM!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

TRABALHO, CONFLITO E ESTRESSE.

O conflito é intrínseco à relação do homem com o ambiente no qual está inserido. Dessa forma, não seria diferente quando falamos da relação do homem com seu trabalho, pois, além de lhe proporcionar inserção social e desenvolvimento ele pode ser uma fonte de sofrimento quando num contexto de atividades que não lhe tragam sentido e a canalização de suas energias.
            Atualmente, com as crescentes exigências no mundo do trabalho, onde podemos perceber a super valorização do trabalhador hiper-qualificado e polivalente, há uma maximização do conflito entre homem e trabalho (ou organização do trabalho). Nesse contexto, é facilitada a exposição das pessoas aos agentes estressores.
            Quando falamos em estresse, é importante observarmos, conforme apontam Filgueiras e Hippert (2003), que o termo estresse é comumente utilizado no senso comum, favorecendo uma confusão em relação ao seu verdadeiro significado.
            Por outro lado, não é correto afirmar que o estresse seja significado de doença, pois conforme observa Limongi-França (2008, p.19), “o estresse situa-se na dimensão interativa homem-meio-adaptação, ocasionando crescimentos e desgastes; além de intrínseco à condição de viver. Segundo Limongi-França e Rodrigues (1997), o estresse é uma reação do organismo numa tentativa de se preparar da melhor forma para uma situação, seja ela interpretada como positiva ou negativa, ou seja, o estresse em si não pode ser classificado como bom ou ruim.
            O objetivo da reação de estresse, do ponto de vista orgânico, será sempre a busca da homeostase (equilíbrio) do organismo e sua atuação será diretamente no sistema nervoso central, que por sua vez enviará mensagens ao sistema endocrinológico (relacionado às glândulas), sistema imunológico (através da estimulação do hipotálamo) e sistema límbico. Esses sistemas estão relacionados com o funcionamento dos órgãos e a regulação das emoções (LINMONGI-FRANÇA & RODRIGUES, 1997).
            Conforme Limongi-França e Rodrigues (1997), o termo estresse foi originalmente utilizado na física e pressupõe o grau de deformidade que uma estrutura sofrerá, ao ser submetida a um esforço. Segundo os autores, há duas classificações diferentes para o estresse desencadeado frente a determinados estímulos estressores, são elas o distress (estresse ruim), que se caracteriza pelas respostas inadequadas, podendo levar o organismo ao adoecimento e o eustress (estresse bom), que é observado nas situações em que se reage bem à situação de estresse.
            Um dos pioneiros nas pesquisas sobre estresse e suas conseqüências para a saúde foi Selye. Ele classificou como síndrome geral de adaptação (SGA) o conjunto de reações não específicas que ocorrem diante de situações de estresse, dividindo a SGA em três fases: reação de alarme, fase de resistência e fase de exaustão (LINMONGI-FRANÇA & RODRIGUES, 1997).
            A fase de alarme se caracterizará por preparar o organismo para uma reação de luta ou fuga, se destacando pela liberação aumentada de adrenalina e corticóides na corrente sanguínea.  Na fase de resistência, haverá uma tentativa para se manter a resposta, o que pode ocasionar desgaste do organismo devido à sobrecarga dos sistemas orgânicos. Permanecendo os agentes estressores, o organismo poderá entrar na fase de exaustão, o que pode levá-lo à morte (FILGUEIRAS & HIPPERT, 2003).
            Retomando a idéia do estresse enquanto condição intrínseca à vida, podemos observar que os malefícios do estresse estão ligados à freqüência com a qual seremos expostos aos agentes estressores e de que forma lidaremos com eles o que pode levar a sintomas físicos e psíquicos, esgotamento por sobrecarga fisiológica e até a morte.
            Como sabemos, a atual organização do trabalho é uma fonte importante de agentes estressores e os mesmos estão inseridos num contexto em que a relação trabalhador x empresa, muitas vezes extrapola a racionalidade, tornando-se um campo fértil para a criação de vínculos simbióticos (indiferenciados), conforme observado por Schirato (2004); um importante agente transformador dessa relação e ao mesmo tempo moderador e auxiliar na busca do reequilíbrio físico e psíquico, são, de acordo com Limongi-França e Rodrigues (1997), as estratégias de enfrentamento.
Limongi-França e Rodrigues (1997, p.36) definem enfrentamento como ”o conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades”. Levando em consideração o papel das empresas no desenvolvimento de estratégias de diminuição dos agentes estressores, bem como no auxilio ao desenvolvimento das estratégias de enfrentamento do estresse, é importante ressaltar que a avaliação se faz importante, pois cada indivíduo reage de uma maneira singular a uma situação de estresse, tendo em vista os componentes da personalidade, constituição orgânica, julgamento, expectativas, contexto social, ambiente etc.
            Os conflitos na relação homem trabalho são comuns e no âmbito do estresse, eles serão o gatilho para que os organismos reajam utilizando sua fisiologia. E como já vimos, o conjunto de algumas reações são denominadas pelos teóricos de estresse. Ficam as perguntas: qual a fronteira entre o estresse bom e o estresse ruim? Quem é responsável pelas conseqüências negativas do estresse, as organizações ou os indivíduos que não “reagem adequadamente” frente às exigências atuais? Eu acredito que estamos sendo exigidos sobremaneira, há tempos optamos pelo TER em detrimento do SER, lidamos com inconstâncias e instabilidades que dificultam a construção da narrativa das histórias dos sujeitos e sua conseqüente noção de continuidade (começo-meio-fim). E você, o que pensa?


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Filgueiras, J. C. & Hippert, M. I. Estresse: possibilidades e limites. In: Codo, W. (org). Saúde Mental e Trabalho: leituras. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.

Limongi-França, A. C. Psicologia do Trabalho: psicossomática, valores e práticas organizacionais. São Paulo: Saraiva, 2008.

Limongi-França, A. C & Rodrigues, A. L. Stress e Trabalho: guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Editora Atlas, 1997.

Schirato, M. A. R. O feitiço das organizações: sistemas imaginários. São Paulo: Editora Atlas, 2004.

Autor: Marcelo Soares Januário

Nenhum comentário: